domingo, 31 de outubro de 2010

Crise: Deputado esfomeado reivindica jantar na cantina da AR

O deputado do PS Ricardo Gonçalves gostava de ter a cantina da AR
aberta ao jantar. Isto porque 3700€/mês que aufere "não dão para
tudo". Fiquei com um "aperto no coração" ao ler isto.


Tiago Mesquita (http://www.expresso.pt/)
9:00 Terça feira, 5 de Outubro de 2010






Pensava que nada me podia surpreender na política, mas eis que um
deputado me acorda para a triste realidade: Portugal. O absurdo é o
limite. O horizonte da estupidez ganha novos desígnios e contornos
todo o santo dia. Ao deputado Ricardo Rodrigues dos gravadores
junta-se agora o deputado Ricardo Gonçalves das refeições.


Se o primeiro meteu gravadores no bolso. Este afirma que o que lhe
põem no bolso não chega para tudo, mesmo que seja um valor a rondar os
3700€/ mês. Uma miséria. "Se abrissem a cantina da Assembleia da
República à noite, eu ia lá jantar. Eu e muitos outros deputados da
província. Quase não temos dinheiro para comer" Correio da Manhã (vou
fazer uma pausa para ir buscar uns kleenex...)


O corte de 5% nos salários irá obrigá-lo, como "deputado da
província", a apertar o cinto e consequentemente o estômago, levando-o
a sugerir com ironia mas com seriedade (!?) a abertura da cantina da
AR para poder jantar. Uma espécie de Sopa dos Pobres mas sem pobres e
sem vergonha. Só com políticos, descaramento e sopa.


"Tenho 60 euros de ajudas de custos por dia. Temos de pagar viagens,
alojamento e comer fora. Acha que dá para tudo? Não dá" Valerá a pena
acrescentar alguma coisa? Não me parece. Só dizer que as almôndegas
que comi ao jantar não se vão aguentar no estômago durante muito tempo
depois de ter feito copy/paste desta declaração


Mas continuando a dar voz ao Sr. Deputado: "Estamos todos a apertar o
cinto, e os deputados são de longe os mais atingidos na carteira".
Pois é, coitadinhos, andam todos a pão e água. Alguns são meninos para
largar os bifes do Gambrinus.


Bem sabemos que os grandes sacrificados do novo pacote de austeridade
do Governo vão ser os senhores deputados. Ninguém tinha dúvidas quanto
a isto. E ajuda a explicar o "aperto de coração" que o
Primeiro-Ministro sentiu ao ter de tomar estas "medidas duras". Sabia
perfeitamente que ao fazê-lo estava a alterar os hábitos alimentares
do Sr. Deputado Ricardo Gonçalves, o que é lamentável.


Que tal um regresso à província com o ordenado mínimo e um pacote
senhas do Macdonalds? Ser deputado não é o serviço militar
obrigatório. Pela parte que me toca de cidadão preocupado está
dispensado. Não o quero ver passar necessidades.


Há quem sobreviva com pensões de valor equivalente a 4 dias de ajudas
de custo do senhor deputado. Quem ganha o ordenado mínimo está
habituado a privações, paciência. Agora com 3700€ por mês e 60€/dia de
ajudas compreendo que seja mais difícil saber onde cortar. Podíamos
começar por cortar na pouca-vergonha. Mas isso seria pedir demais.


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